Após salto de 6% na abertura, moeda dos EUA desacelera com anúncio de leilões extras do Banco Central. Nas casas de câmbio, dólar é vendido acima de R$ 5,10.
O dólar opera em forte disparada nesta quinta-feira (12), batendo R$ 5 pela 1ª vez na história, em mais um dia de turbulência nos mercados, após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter classificado o surto como uma pandemia e depois que o presidente norte-americano, Donald Trump,proibiu viagens da Europa para os Estados Unidos por 30 dias.
Às 11h57, a moeda norte-americana subia 3,25%, a R$ 4,8750. Na abertura, chegou a saltar mais de 6% e bateu R$ 5,0277 – nova máxima nominal (sem considerar a inflação) já registrada no país. Veja mais cotações.
Com o salto desta quinta, o avanço no ano chega a quase 22%.
Já o dólar turismo era negociado a R$ 5,0916, sem considerar a cobrança de IOF. Nas casas de câmbio, o dólar era vendido acima de R$ 5,10, com a cotação para compra em cartão pré-pago chegando a R$ 5,33.
Já a Bolsa voltou a ter os negócios paralisados nesta quinta. Às 11h12, o Ibovespa caía 15,43%, a 72.026 pontos, quando foi acionado o 2º “circuit breaker” do dia.
A disparada do dólar acontece mesmo após uma atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio com uma oferta de até US$ 2,5 bilhões em moeda à vista, cancelando o anúncio inicial de venda de até 1,5 bilhão feito no dia anterior.
A intensidade de alta do dólar nesta quinta, entretanto, diminuiu após o BC anunciar dois leilões extras de dólar em moeda à vista de até US$ 2,25 bilhão.Na véspera, o dólar encerrou o dia a R$ 4,7215, em alta de 1,65%. Na semana, o dólar acumulou até o leilão de quarta-feira alta de 1,88%. Na parcial do mês, o avanço é de 5,37%. Em 2020, a alta chegou a 17,75%.
Derrota do governo no Congresso
Pesava também no mercado de câmbio nesta quinta a derrota sofrida pelo governo no final da tarde de quarta-feira, após o Congresso Nacional derrubar o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), com impacto estimado em cerca de R$ 20 bilhões já no primeiro ano.
Em razão do impacto orçamentário da medida, o mercado enfrenta agora outro vetor de risco, do lado fiscal brasileiro, o que aumenta as incertezas sobre as relações entre Executivo e Legislativo, e sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira.
Somado à tensão internacional, o “fato de Congresso e governo domésticos estarem em conflito aumenta pressão” sobre o real, destaca Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus.
Cena externa
Os mercados globais reagiam nesta quinta à decisão do presidente americano, Donald Trump, que suspendeu por 30 dias viagens de estrangeiros procedentes de Europa aos Estados Unidos, numa tentativa de travar a rápida propagação do coronavírus.
Trump anunciou outras medidas para sustentar as empresas norte-americanas e promover o crescimento, mas alguns investidores não se mostraram convencidos de que a economia global pode se recuperar rapidamente conforme crescem as preocupações de que o número de infecções pode aumentar rapidamente em todo o mundo.
Pelo contrário, as restrições impostas elevou o pânico nos mercados globais em pânico conforme as medidas de prevenção contra a doença interrompem as cadeias de suprimento globais, elevando os riscos de uma recessão global.
Na Europa, as principais bolsas tinham queda ao redor de 6%. Já os preços do petróleo subiam mais de 5% e acumulavam queda de cerca de 50% desde máximas tocadas em janeiro.