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Transação bilionária: por US$ 1,9 bilhão, Delta leva 20% da Latam

Com o negócio, a companhia aérea americana eleva ganho na América Latina e dificulta a vida da concorrente American Airlines

Acordo será bancado pela Delta com emissão de títulos e recursos em caixa, permitindo à empresa oferecer, com a Latam, 435 destinos internacionais
(foto: JPhilippe Bucher/Esp. CB/D.A Press)

São Paulo — A Delta Air Lines anunciou nesta quinta-feira (26/9) que passa a ter nova parceira comercial na América Latina. A empresa vai pagar US$ 1,9 bilhão (o equivalente a R$ 7,9 bilhões) por 20% do capital da Latam. Ao mesmo tempo, a companhia aérea americana vai se desfazer de 9,4% das ações preferenciais da principal concorrente da Latam no Brasil, a Gol, de um total de 12,3%  do capital, ou seja, parcela de 1% do total dos papéis.

Mas, a decisão de aterrissar na estrutura societária da aérea chilena não mexe apenas com os mercados local e regional. Afeta também o humor da American Airlines, uma das principais concorrentes da Delta. A Latam oferece voos que ligam as principais cidades da América do Sul aos Estados Unidos (EUA), além de serviços domésticos no Chile, Brasil, Colômbia, Peru, Argentina e Equador.

Agora, as duas empresas passam a oferecer cerca de 435 destinos internacionais e, segundo informaram, passarão a transportar mais passageiros do que qualquer outra aliança. Essa soma bilionária oferecida pela Delta representa uma oferta de US$ 16 por ação. A principal fonte de recursos para concretizar o acordo será a emissão de dívida e a disponibilidade de caixa da companhia americana. Com o negócio, a nova acionista passa a ter um assento no conselho da Latam.

Para os cofres da Latam, a chegada de novo sócio vai significar melhora substancial na sua geração de caixa, com redução da dívida de aproximadamente US$ 2 bilhões até 2025. Apesar de chegar à empresa com 20% do seu capital, a Delta não ficará com o controle, que permanece nas mãos dos fundadores da companhia latino-americana.

O acordo, que será financiado pela Delta com emissão recente de dívida e recursos em caixa, representa o maior investimento da companhia aérea americana desde a sua fusão com a Northwest Airlines, anunciada há uma década. Para a American Airlines, que vinha costurando um acordo com a Latam de olho na possibilidade de aumentar sua receita na região e sofreu um revés, graças a uma decisão recente da Suprema Corte do Chile, o anúncio forçará o rearranjo da estratégia de busca de novas fontes de passageiros. A empresa informou às agências de notícia internacionais que não está mais negociando a joint-venture e que a mudança de estratégia da chilena não terá impacto financeiro significativo.

A companhia americana já tinha ligação com a Latam por meio da aliança de empresas aéreas OneWorld, que permite, por meio de acordos de compartilhamento, que uma empresa venda assentos nos voos das outras e que seus clientes utilizem as milhas do programa. Agora, a Latam deixará a OneWorld. No entanto, não se sabe se ela vai integrar a concorrente, a SkyTeam, da qual a Delta e seus parceiros fazem parte.

Da mesma forma, a decisão da Delta de reduzir sua participação na Gol vai mexer com o humor do mercado financeiro. A companhia aérea americana passou a fazer parte do grupo de acionistas da brasileira em 2011. Na época, a injeção de recursos foi de US$ 100 milhões.

Segundo o site de relações com investidores da Latam, até 30 de junho o grupo controlador da empresa, o chileno Cueto, detinha 27,9% do capital, enquanto o grupo Amaro — da família de Rolim Amaro, fundador da TAM, incorporada pela companhia chilena depois de uma aquisição —, era dono, até aquela data, de 2,6% de participação. A Qatar Airlines é uma das acionistas mais importantes, com 10% dos papéis da Latam.

Expansão

Agora, será preciso que os órgãos reguladores dos Estados Unidos e do Chile avaliem os possíveis impactos do negócio antes de decidir se darão o sinal verde à operação. Como há restrições à venda do controle de empresas aéreas na maior parte dos países desenvolvidos, as companhias estão se voltando cada vez mais para participações minoritárias e joint-ventures como forma de compartilhar receita para ganhar exposição em outros espaços aéreos.

“Nosso pessoal, clientes, proprietários e comunidades serão beneficiados por essa plataforma empolgante para o crescimento futuro”, informou, em nota, Ed Bastian, CEO da Delta. Nos últimos anos, a Delta expandiu de forma regular tanto a participação quanto as parcerias com outras empresas aéreas internacionais. Por exemplo, aumentou a participação na controladora da Korean Air para 9,2%, anunciou joint-venture com a canadense WestJet e aumentou sua presença no capital da Aeromexico, a maior companhia aérea do México, para 49%. Esse negócio foi feito com o objetivo de ampliar a presença da Delta em Los Angeles, um mercado muito relevante para ambas.

 

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