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Elevação do nível do mar também vai prejudicar grandes economias

Nova York, nos Estados Unidos, e Xangai, na China, são algumas das grandes cidades que podem sofrer com inundações

Enchente na Europa: por lá, perigo de do aumento do nível do mar é de enchentes na foz do rio Reno, nos países baixos (WLADIMIR BULGAR/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

São Paulo —  O aumento do nível do mar representa um perigo crescente para as pequenas ilhas-nações e comunidades costeiras, mas também terá um impacto significativo nas maiores economias do mundo.

Antes da publicação de um relatório crucial da ONU sobre oceanos e mudanças climáticas, este é um resumo dos efeitos que a China, os Estados Unidos, a União Europeia e a Índia enfrentarão, destacados em um rascunho de um relatório obtido com exclusividade pela AFP.

China

De acordo com o banco de dados de emissões para a pesquisa atmosférica global da UE, em 2017 a China emitiu 10,8 gigatoneladas de dióxido de carbono, ou seja, cerca de 29% do total mundial.

Embora esses dados reduzidos a uma taxa per capita sejam relativamente baixos, o efeito líquido do crescimento exponencial da segunda economia mundial com certeza terá impacto na elevação do nível do mar nos próximos séculos, mesmo em seu território.

O relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre oceanos e criosfera – as áreas geladas da Terra – destaca vários desafios prementes.

Xangai, a cidade chinesa mais povoada, se encontra no litoral flanqueada pelos rios Yangtsé e Qiantang.

O relatório do IPCC observa que, se as emissões continuarem a subir em taxa atual, Xangai poderá enfrentar aumentos do nível do mar de 2,6 mm por ano durante este século, bem acima do média global.

Seu custo pode chegar a 1,7 trilhão de dólares em 2070, de acordo com um estudo citado no relatório, e a metade das defesas com inundações da megacidade se mostrará ineficiente com frequência em 2100.

E Xangai não é a única cidade chinesa ameaçada. Um estudo de 2015 mostrou que das 20 cidades com maior risco do mundo, nove estavam na China.

Mesmo assim, as emissões do gigante asiático continuam a crescer anualmente.

“A agenda climática perde gradualmente o gás devido à situação econômica na China”, disse à AFP Li Shuo, especialista em política climática do país no Greenpeace Internacional.

Estados Unidos

Estados Unidos, historicamente o país mais emissor do mundo, que conta com grandes metrópoles costeiras, é particularmente vulnerável à alta do nível do mar.

De acordo com um estudo citado no relatório do IPCC, se as emissões globais não forem reduzidas, o aumento de 1,2 metro no nível do mar em um século poderá aumentar cinco vezes as áreas regularmente afetadas pelas inundações na costa leste.

Outro estudo alertou que Nova York também enfrenta um risco maior de inundação, com um aumento médio anual de 1,3 mm.

Segundo o texto, Nova York poderá experimentar inundações de 2,25 metros uma vez a cada cinco anos entre 2030-2045.

A costa leste já foi atingida recentemente por uma série de ciclones devastadores (também conhecidos como supertempestades) do furacão Katrina em 2005 ao Sandy em 2012.

“Um único fenômeno como esses força o deslocamento de centenas de milhares de pessoas e destrói maciçamente as infraestruturas que nos custam bilhões de dólares”, disse à AFP Michael Mann, diretor do Centro de Ciências do Sistema Terrestre da Universidade Estadual da Pensilvânia.

União Europeia

O maior mercado único do mundo produziu 3,5 gigatoneladas de CO2 em 2017, embora vários Estados-Membros tenham se comprometido a reduzir suas emissões.

Yvon Slingenberg, diretor de política climática da Comissão Europeia, disse recentemente à AFP que estava confiante de que os Estados-Membros se comprometeriam a alcançar uma rede de zero emissões no médio prazo “antes do final do ano”.

Em geral, a Europa está menos exposta aos riscos do aumento do nível do mar, embora o relatório do IPCC mencione o perigo de inundações no Delta do Rio Reno, uma grande artéria comercial.

Um aumento de temperatura devido a emissões também pode desacelerar o fenômeno meteorológico chamado Circulação do Retorno no Atlântico Sul, causando tempestades de inverno mais poderosas no continente.

Índia

Cerca de 260 milhões de pessoas, isto é, um quinto da população indiana, vive em regiões costeiras, já enfrentando um aumento de tempestades devido às mudanças climáticas.

O relatório do IPCC diz que as chuvas de monção do verão indiano, uma fonte vital para regar as culturas destinadas a alimentar centenas de milhões de pessoas, enfraqueceram significativamente desde 1950, provavelmente devido ao aquecimento do Oceano Índico.

Harjeet Singh, da ONG ActionAid, disse à AFP que a Índia era o país mais vulnerável ao aumento do nível do mar e destacou que milhões de pessoas serão deslocadas nas próximas décadas.

“A questão é para onde irão”, destacou.

“Estamos falando de um dos países mais populosos do mundo, o que significa que eventualmente surgirão conflitos entre populações residentes e deslocadas. Estamos com uma bomba-relógio”, concluiu.

 

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