O medicamento será usado, de forma experimental, pelo governo e empresas privadas para tratar pessoas contagiadas pelo novo coronavírus
A cloroquina e sua variante hidroxicloroquina são remédios apontados em estudos científicos preliminares como promissores para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Os medicamentos serão usados, em caráter experimental, pelo Ministério da Saúde para tratar pacientes que apresentam sintomas graves da doença covid-19, causada pelo coronavírus. Prevent Senior e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein também fazem testes com a droga.
A cloroquina é um medicamento conhecido pela sua eficácia no tratamento de doenças como malária, lúpus e artitre reumatoide. A substância é vista por governos e especialistas como uma esperança no tratamento da covid-19, contraída por mais de 400 mil pessoas globalmente (sendo mais de 2 mil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde).
Segundo a Mayo Clinic, organização Americana sem fins lucrativos voltada para a prática clínica, educação e pesquisa médica, a cloroquina não deve ser tomada junto com 14 medicamentos (amisulprida, aurotioglucose, bepridil, cisaprida, dronedarona, levometadil, mesoridazina, pimozida, piperaquine, saquinavir, sparfloxacina, terfenadina, tioridazina e ziprasidona).
Os efeitos colaterais da cloroquina junto a essas outras drogas podem ser os seguintes:
– Dor de cabeça;
– Visão embaçada;
– Náuseas e vômito;
– Câimbras;
– Diarreia,
Taquicardia, queda de pressão sanguíneia, coceira e manchas avermelhadas na pele também pode estar entre os efeitos colaterais do uso da cloroquina.
Efeitos colaterais parecidos estão associados com a variante hidroxicloroquina, ligada a convulsões e mudanças no estado mental, de acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.
O uso indiscriminado da cloroquina está ligado a casos de morte. Nesta semana, um americano morreu por ter tomado cloroquina sem supervisão médica. A Nigéria teve dois casos similares.
O presidente americano Donald Trump fez um discurso inflamado na semana passada afirmando que a cloroquina seria um medicamento que poderia curar a covid-19, uma afirmação sem embasamento científico adequado e sustentada apenas por estudos preliminares na China e na França a respeito da aplicação em pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
Em entrevista coletiva transmitida via internet na última quarta-feira (25), organizada pelo Ministério da Saúde do Brasil, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna, afirmou que o Brasil tem uma experiência de décadas no tratamento da malária em pacientes na região Norte, o que aumenta as chances de sucesso de especialistas brasileiros no uso da droga. O secretário disse que a equipe técnica do governo elaborou um protocolo, que prevê cinco dias de tratamento com cloroquina dentro do hospital e monitorado por um médico.
“Não usem o medicamento fora do ambiente hospitalar, isso não é seguro. É preciso ter supervisão médica. Tratamos pacientes de malária com cloroquina há décadas, mas os pacientes com covid-19 precisam de uma série de outras medidas para o tratamento da doença”, afirmou o secretário.
Na comunidade médica, há críticas ao uso da cloroquina em pacientes. Médicos reforçam que, no juramento da profissão, prometeram “nunca causar dano ou mal a alguém” e usar drogas para tratar doenças sem o devido aval da Organização Mundial da Saúde para tanto seria algo incondizente com a profissão.