Atualmente, apenas uma equipe atende esse tipo de paciente no Distrito Federal
As cirurgias cardiopediátricas deixam famílias inteiras apreensivas com o tratamento de recém-nascidos e crianças. Na capital federal, são pelo menos 12 na fila de espera. Uma única equipe atende esse tipo de paciente na rede pública — a mesma que tratou Nicholas. Para driblar os gargalos, a Secretaria de Saúde estuda pelo menos quatro possibilidades de ampliação do serviço ainda para o primeiro semestre de 2017. Atualmente, são cerca de 18 transplantes cardíacos por mês.
Outra medida é uma parceria com o Hospital Universitário (HUB), mas o plano está sob análise, após primeiro contato com a unidade médica. Há, também, a intenção de se manter 38 leitos no Hospital da Criança. Entretanto, eles teriam de ser divididos com outras patologias. Na rede própria, o governo quer reativar o serviço no Hospital de Base (HBDF) — lá, chegaram a ser realizadas 10 cirurgias por mês —, mas seria necessário realizar concurso para enfermeiros, o que complica a retomada.
Angústia
Hoje, Stefany Sophia faria 4 meses. A menina não resistiu a complicações de uma doença cardíaca grave e morreu no último dia 20. Na casa da família, na QNR 4, em Ceilândia, a avó organizava o enxoval para doação. O berço nem sequer foi usado pela menina. Durante todo o tempo de vida, ela permaneceu internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). “Ela ficou muito tempo na fila de espera. Chegamos a recorrer à Justiça”, conta a avó da garota, a pastora evangélica Maria de Fátima Alves, 47 anos.
No período em que permaneceu hospitalizada, Stefany passou por exames no ICDF e entrou na fila de espera para a correção cirúrgica. “Lutamos muito pela vida dela. Minha neta ficou em coma induzido, teve paradas cardíacas, pegou infecção e perdeu peso. Mas, ainda assim, havia esperança. Os médicos sabiam da urgência. Contudo, a cirurgia demorou demais”, ressalta Fátima. (OA)
Memória
Há sete anos, a primeira cirurgia
Era dezembro de 2009, quando uma menina passou pelo primeiro transplante infantil de coração da capital federal. A cirurgia durou cinco horas e, na época, a criança estava com 1 ano e 7 meses. Ela foi internada no Hospital Regional de Sobradinho com uma virose, mas as complicações da doença fizeram com que desenvolvesse uma miocardiopatia dilatada, ou seja, o coração dilatou e perdeu a capacidade de se contrair. O coração veio cinco meses depois. Ela recebeu o órgão de uma garota de 3 anos, com tamanho e tipo sanguíneo compatíveis com os dela. A cirurgia foi considerada um sucesso pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF).