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Parlamento da Irlanda do Norte faz reunião de emergência após protestos

Protestos violentos na Irlanda do Norte acontecem em um contexto de tensões exacerbadas pelo Brexit

Funcionários retiram ônibus incendiado após noite de protestos e violência em Shankill Road, Belfast (PAUL FAIT/AFP).

As autoridades regionais da Irlanda do Norte celebram reuniões de emergência nesta quinta-feira (8), depois que uma nova noite de violência e após os distúrbios registrados nos últimos dias em um contexto de tensões exacerbadas pelo Brexit.

Após uma reunião de urgência do governo norte-irlandês, o Parlamento autônomo regional da Irlanda do Norte interrompeu o recesso da Semana Santa para convocar uma sessão especial.

“Conversei com o chefe de polícia, que está informando os partidos políticos”, afirmou a primeira-ministra da Irlanda do Norte, a unionista Arlene Foster. “Meus pensamentos estão especialmente voltados para os agentes feridos pela violência injustificável dos últimos dias”, completou.

“Os responsáveis devem ser submetidos a todo o rigor da lei porque todos devem ser iguais perante a lei”, escreveu no Twitter.

Foster já havia condenado os distúrbios. “Isto não é um protesto. Isto é vandalismo e tentativa de assassinato. Estas ações não representam o unionismo”, afirmou.

Várias pessoas se reuniram na quarta-feira à noite em Lanark Way, uma área de Belfast onde foram instaladas grandes barreiras de metal para separar um bairro católico de outro protestante, e “um ônibus foi incendiado”, informou a polícia da Irlanda do Norte.

“Centenas de pessoas dos dois lados usaram coquetéis molotov”, tuitou um jornalista da BBC no local. Ele também informou que a chegada da polícia reduziu consideravelmente o nível da violência.

Sete agentes ficaram feridos durante a noite – 41 pessoas foram feridas nos últimos dias -, assim como um fotógrafo e um motorista de ônibus, informou a polícia.

Reavivar o fantasma do conflito

A nova noite de violência se une a uma semana de distúrbios que evidenciam o crescente conflito existente nesta província britânica, onde as consequências do Brexit revoltaram os unionistas partidários da coroa britânica.

Na semana passada, a violência explodiu primeiro na cidade de Londonderry, antes de se propagar para uma área unionista de Belfast e seus arredores durante o fim de semana da Páscoa.

Os incidentes reavivaram o fantasma das três décadas de conflito violento entre republicanos católicos e unionistas protestantes, que deixaram quase 3.500 mortos.

O acordo de paz assinado em 1998 acabou com a fronteira entre a província britânica e a vizinha República da Irlanda – país membro da UE -, mas o Brexit abalou o delicado equilíbrio, exigindo a adoção de controles alfandegários entre o Reino Unido e a União Europeia.

Após duras negociações, Londres e Bruxelas alcançaram uma solução, conhecida como “protocolo da Irlanda do Norte”, que evita o retorno de uma fronteira física na ilha da Irlanda e transfere os controles aos portos norte-irlandeses.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou no Twitter que está “profundamente preocupado”. “A forma de resolver as diferenças é o diálogo, não a violência ou a criminalidade”, destacou.

O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, considerou que “a única maneira de avançar é abordar as questões que preocupam através de meios pacíficos e democráticos”.

“Agora é o momento de que os dois governos e os líderes de todas as partes trabalhem juntos para reduzir as tensões e restabelecer a calma”, afirmou.

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