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Festival Finca é vitrine para novos músicos brasilienses desde 1999

O evento foi responsável por revelar nomes como Ellen Oléria e Móveis Coloniais de Acaju

Móveis Coloniais de Acaju: a primeira oportunidade

O Festival Universitário de Música Candanga (Finca) realizou a primeira edição em 1999. A iniciativa partiu dos centros acadêmicos (CAs) da Universidade de Brasília (UnB), que percebiam a falta de espaço para eventos musicais na comunidade. No caso do Móveis Coloniais de Acaju, “foi a primeira premiação, o primeiro reconhecimento que a gente teve. O que fez a gente construir um público dentro da universidade, que depois se transformou na base do nosso público de 2005, época do lançamento do disco.”, conta o ex-vocalista André Gonzales, que ganhou o primeiro lugar com a música Copacabana em 2002.”

O evento é promovido pela própria UnB em parceria com a antiga diretoria de esporte, arte e cultura (DEA), hoje desmembrada como Diretoria de arte e cultura (Dirarte) com o objetivo de estimular a produção cultural na universidade. O Finca ocorre quase anualmente, com fases eliminatórias e uma final, no qual os melhores avaliados pelo júri técnico e popular recebem prêmios em dinheiro. Além disso, na opinião da apresentadora do Finca em 15 das 17 edições, Sheila Campos, o Festival é “ um laboratório em que a gente observa a cena musical de Brasília se avaliando e se reinventando. O Finca é uma paixão antiga do brasiliense”.

Neste ano, o evento voltou a ocupar o Anfiteatro 9 da UnB depois de dois anos de pausa, por causa dos cortes orçamentários sofridos pela universidade. Chegaram à final 13 das 51 bandas inscritas, que se apresentarão na próxima sexta-feira, às 20h, no Centro Comunitário Athos Bulcão.

Quem passou

A banda performática Cantigas Boleráveis, que ficou em segundo lugar em 2014, ao apresentar a música O bolo lá de casa, entende o evento como uma forma de descoberta.  “Estávamos mais acostumados a nos apresentar em eventos de teatro. Foi no Finca que a gente se viu como uma banda de música”, conta Letícia Helena, integrante do Cantigas Boleráveis.

Além disso, por estar inserido em um ambiente fértil e de jovens, o cantor Alex Souza, que cantou Máquina para tudo, na época com a banda Caixa Preta, classificada em terceiro lugar em 2001, vê o Finca como um festival diferenciado. “É um festival em que você se sente livre para criar, você pode mergulhar 100% nos sonhos. A universidade faz você criar composições puras, verdadeiras e sinceras.”

Ellen Oléria: a voz da cantora impressionou desde a primeira apresentação
Também é um local para encontrar novas vozes. Sheila Campos se surpreendeu com a passagem da cantora Ellen Oléria no Finca, que conseguiu o segundo lugar em 2003 com a música Senzala e, em 2006, o terceiro lugar com Ato II. “Tem gente que passa pelo festival e a gente já sente que é uma voz que vai ganhar o mundo. Eu me lembro da primeira vez que ouvi aquela voz, tomei um susto. Era impressionante”, declara Sheila.

O evento

Para estar apto a participar do Finca, é necessário que a banda apresente músicas autorais e um dos integrantes deve estar vinculado a algum centro acadêmico (CA), que é a entidade representativa dos estudantes do curso. Portanto, o evento apresenta pessoas de todos os cursos da UnB e isso o torna muito valioso, segundo a visão do cantor Alex Souza “É um evento muito rico, porque você está em contato com outros gêneros, outros músicos, outros cursos. Além de gerar uma integração entre os próprios alunos”, segundo o ex-participante Alex Souza.

Por ser um festival dividido em etapas, a expectativa é grande e ela vinha antes mesmo das inscrições. Como só uma banda pode representar cada um dos centros acadêmicos “havia até uma seleção prévia dentro dos centros acadêmicos”, explica a apresentadora Sheila Campos.

Crise orçamentária

Devido a crises e cortes de gastos na UnB, o Finca não foi realizado nos anos de 2015 e 2016. Porém, com a nova gestão da Universidade, o festival foi entendido como uma pauta de valor à comunidade acadêmica, fundamental para movimentar a cultura que surge na própria UnB. A reitoria voltou a disponibilizar a verba para a realização do evento no ano de 2017. O dinheiro é usado principalmente para premiar as bandas vencedoras.

A vocalista da banda Cantigas Boleráveis, Letícia Helena, julga essa premiação fundamental para o crescimento da banda. “É uma oportunidade para bandas que estão começando a crescer. Nós usamos o dinheiro para gravar nossas músicas e lançar nas plataformas digitais. Além do mais, é fundamental, porque ser artista independente em Brasília é muito complicado.”

Música autoral

Um dos requisitos da DEA, diretoria responsável pela realização do evento, é que as músicas apresentadas pelas bandas sejam autorais. Além de apresentar a originalidade das bandas, também abre portas para o mercado musical. Na primeira edição, em 1999, muitos empresários e produtores foram prestigiar a etapa final e, em muitos momentos, esses profissionais mandavam bilhetes para o palco oferecendo instrumentos novos e shows em bares da cidade.

Apresentar músicas autorais reforça o papel do festival como uma porta de entrada para bandas locais. O Finca é uma vitrine de artistas brasilienses. Situado dentro de uma universidade pública, espaço efervescente de ideias e talentos, não poderia encontrar solo mais fértil na capital federal.

Confira os finalistas do Finca 2017

Categoria Candanga 

» A outra banda da rua (CA de Antropologia)

» Banda Kizumba (CA de Letras)

» Comboio Percussivo (CA de Geologia)

» Koppa (CA de Odontologia)

» LFDAT (CA de História)

» Marcelo Café (CA de Línguas estrangeiras aplicadas)

» Ninfetas do Além (CA de Arquivologia)

» O Tarot (CA de Relações Internacionais)

» Saci Weré (CA de Gestão Ambiental)

» Trinato (CA de Comunicação)

Categoria Instrumental

» Forró Suçuarana (CA de Ciências Ambientais)

» Matheus Donato Trio (CA de Nutrição)

» Regional Candango (CA de Enfermagem)

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