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Conheça seu corpo e saiba o que acontece com a fertilidade feminina ao longo da vida

Desde antes do nascimento, o corpo feminino está em constante renovação. Você começa como um pequeno conjunto de células, que se transforma em um organismo complexo. Entre suas funções está a capacidade de reprodução e, para que isso aconteça, é preciso de uma série de eventos biológicos e comportamentais.

A mulher moderna conquistou uma realidade bem diferente das suas avós. Elas se casavam muito cedo e tornavam-se mães mais ou menos com a mesma idade que as meninas do século 21 ainda estão decidindo que carreira querem seguir.

De acordo com o ginecologista e obstetra MARIO CAVAGNA, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), a emancipação cultural e social da mulher, no entanto, não foi acompanhada pelo aspecto biológico. “Prevalece ainda que a idade biológica ideal ter o primeiro filho é entre 20 e 22 anos. Claro que hoje, do ponto de vista social, esta menina não pensa em engravidar. Ela vai faz outras coisas e pensa nisso para depois dos 30 e 35 anos”.

Não há problema algum em ser mãe na idade em que você achar melhor ser. É preciso, contudo, estar ciente de que a sua FERTILIDADE DIMINUI com o passar dos anos.

Foto: Zurijeta/iStock

RELÓGIO BIOLÓGICO

Segundo Cavgna, a FERTILIDADE é a capacidade de procriar. Já a FECUNDIDADE é a possibilidade de uma mulher ficar grávida durante o ciclo ovulatório. “Diminui a fertilidade porque a fecundidade também diminui”.

Ao nascer, uma mulher tem cerca de um milhão de óvulos, que não serão repostos ao longo de sua vida. “Diferentemente dos espermatozoides, que são produzidos semanalmente. Um homem com boa saúde pode ser pai até aos 80 anos, por exemplo”, aponta o especialista.

A ginecologista e obstetra JULIANA AMATO, especialista em Fertilidade e Reprodução Assistida e membro da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), muitos estudos demonstram que, em média, aos 35 anos, a quantidade de FOLÍCULOS OVARIANOS (a “casa do óvulo” dentro do ovário) diminui consideravelmente. “Não é uma regra, mas tem a ver com a idade da primeira menstruação. Quanto mais cedo menstrua, mais cedo entra na menopausa e a diminuição da reserva ovariana acontece antes”.

Como o NÚMERO DE ÓVULOS É PRÉ-DETERMINADO, consequentemente, uma menina de 12 anos é mais fértil que uma jovem de 22, que é mais fértil do que uma mulher de 32 e por aí vai. “Não orientamos engravidar aos 20. A recomendação é antes dos 35. Depois dos 38 anos, ela reduz ainda mais e, depois dos 40, é preocupante” explica Cavagna.

Foto: jean-marie guyon/istock

Muitas mulheres, conta o ginecologista, acham que caso apresentem problemas de fertilidade após os 35 anos, podem recorrer aos tratamentos. “Depois dos 40, dão resultados péssimos. Mesmo assim, elas têm apenas 10% DE CHANCE de engravidar. Com 44, 45 anos, isso é perto de zero. Se a mulher for fértil, é mais fácil engravidar naturalmente do que com o tratamento”, esclarece.

Além da diminuição quantitativa das células sexuais femininas, HÁ TAMBÉM UMA PERDA QUALITATIVA. “Óvulos mais velhos possuem cargas genéticas envelhecidas e mais probabilidade de mutações genéticas”, fala Juliana Amato. Já Cavagna, é categórico. “Não tem mágica que possa deter o relógio biológico”.

Outro mito é sobre a pílula anticoncepcional. Fazer o uso regular do medicamento não significa que você está preservando os óvulos, só porque deixa de ovular. Segundo os médicos, nestes casos, acontece um processo chamado ATRESIA, que é a morte celular. “Perdem-se aqueles que nem serão recrutados pra ovulação”, fala Cavagna.

Se você planeja ficar grávida após os 35 anos, a recomendação de Cavagna é oCONGELAMENTO DE ÓVULOS. “O ideal é que se faça antes dos 35 anos. Quanto mais cedo, maiores as possibilidades de gravidez no futuro, apesar de não garanti-las. É um recurso a mais se você quiser adiar sua gestação”.

Foto: George Doyle/Stockbyte

FASES DA VIDA

25 ANOS – a fertilidade é ótima. A mulher tem praticamente a mesma capacidade de engravidar de que quando tinha 18. “A cada ciclo, as jovens têm 20% de chances de engravidar”, conta Juliana.

DEPOIS DOS 30 ANOS – agora, a mulher fica mais propensa a doenças, como corrimentos que vão e voltam, doenças inflamatórias pélvicas ou mesmo endometriose  Miomas também podem trazer riscos. “Dependendo do tamanho e posicionamento, ele altera a fertilidade”, descreve Juliana. As diabéticas e aquelas que têm alterações na tiroide podem encontrar mais dificuldades. “Aqui, as probabilidades são um cálculo individualizado, feito por meio de uma avaliação”, explica a ginecologista.

DEPOIS 40 ANOS – a reserva de óvulos é muito diminuída. “Existem mais chances de abortamentos, alterações genéticas (como a Síndrome de Down, por exemplo), e diabetes gestacional e pressão alta, que pode levar a eclampsia”.

CUIDANDO DA FERTILIDADE

Ao cuidar da sua saúde em geral, automaticamente você vai estar se preocupando com sua fertilidade também. Independente da idade, o fumo interfere na morte dos folículos ovulares. “Mantenha uma boa alimentação”, fala Juliana.

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