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Após carta de Jefferson, presidente do PTB reclama de ‘abandono’ de Bolsonaro e critica possível ida para PP ou PL

Graciela Nienov afirmou nesta quinta-feira que posicionamento do ex-deputado federal foi ‘um desabafo’, mas reforçou apoio ao chefe do Executivo, a quem chamou de ‘homem de bem’

O presidente Jair Bolsonaro e Graciela Nienov, presidente em exercício do PTB Foto: Reprodução

A presidente em exercício do PTB, Graciela Nienov, tentou explicar num áudio a carta interna de Roberto Jefferson, revelada pelo GLOBO, na qual o líder do partido atacou o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, seus aliados, e anunciou apoio ao vice-presidente Hamilton Mourão para presidente. Jefferson disse na carta que Bolsonaro cercou-se de “viciados em êxtase com dinheiro público” e que ele e seu filho se “viciaram em dinheiro público” também. Nienov afirmou nesta quinta-feira se tratar de um “desabafo” do presidente licenciado do partido, que está preso, mas admitiu que há no partido uma “revolta” com o abandono de Bolsonaro com o PTB.

—  Há revolta! Eu também estou revoltada com o abandono do nosso presidente, confesso. Tentamos marcar agenda com ele, que não aceitou. Não quis nos receber no Palácio. E você vê teu líder (Jefferson) preso, em nome das liberdades, e acontece isso —  disse Graciela Nienov na mensagem divulgada pelo partido.

A presidente justificou a carta de Jefferson como um “desabafo” e afirmou estar um “pouco triste” com a posição de Bolsonaro de se aproximar do PP e do PL.

—  O presidente (Bolsonaro) não pode ir para o PP, metade (do PP) é de esquerda. O Nordeste todo está fechado com o PP. Gente, o PL tem um presidente (Valdemar da Costa Neto) que foi envolvido no  mensalão, numa organização criminosa. Como um homem de bem pode ir para esses partidos? —  disse a presidente do PTB.

Nienov negou rompimento com Bolsonaro e ressaltou que o partido reforçou o apoio ao presidente em reunião mensal da sigla realizada na quarta-feira.

— Em momento algum a gente falou que romperia com o Bolsonaro. Na reunião a gente saiu firme em apoio ao Bolsonaro. Ontem fomos pegos de surpresa por uma carta interna do partido que vazou. É bom deixar isso claro, que a carta era para o diretório, especificamente — disse a presidente do PTB.

Nienov disse ainda que entende a “mágoa” de Jefferson por ver Bolsonaro se aproximar de partidos como PP e PL, que acirraram a disputa para filiar o presidente. O chefe do Executivo dá sinais trocados para as duas legendas e tem adiado a decisão até encontrar a configuração nos estados que mais lhe agrada.

— Entendo também a mágoa do Roberto, que está há 70 dias dentro de uma prisão. Sua cabeça está perfeita, sua mente está perfeita, mas seu corpo já não é mais o mesmo. Ele está doente, e ninguém faz nada. Além de ele estar doente, ele vê o líder em que ele acreditou indo para partidos que fazem parte de um sistema — afirmou Nienov, que chamou Bolsonaro de “homem de bem”.

A presidente em exercício do PTB disse ainda que o partido se organizou para ser alinhado a Bolsonaro e ser todo de direita, de “norte a sul”. Disse ainda que, antes de ser preso, Jefferson pediu que ela se mantivesse ao lado do presidente. E afirmou que é hora de permanecer em silêncio.

— O desabafo dele foi o seguinte: ‘Nós sabemos que o Bolsonaro é um homem de bem. Estamos juntos com Bolsonaro sem cargo, sem nenhum ministério, sem nada. Estamos juntos porque acreditamos que o nosso presidente não rouba e não deixa roubar. É isso que ele sempre tem falado.

Na carta, Jefferson disse que o PTB deve ter candidatura própria no ano que vem, e orienta as lideranças do partido a convidarem o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) para disputar a presidência da República, contra o atual mandatário. Ele chegou a convidar Bolsonaro publicamente para ingressar no PTB por diversas vezes, mas as conversas por filiação não avançaram.

O  ex-deputado  precisou ser internado no domingo no hospital do complexo de Bangu 8 em razão de complicações em seu estado de saúde, como febre alta, taquicardia e baixa pressão.

Jefferson voltou para a prisão no último dia 14 por determinação do ministro Alexandre de Moraes, depois que o político recebeu alta hospitalar. Ele estava internado desde o início de setembro com um quadro de infecção urinária e dores na lombar e foi submetido também a um cateterismo para desobstrução de uma artéria.

Além de estar preso, ele já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por seus ataques às instituições. Na noite de domingo, ele pediu  licença da presidência do PTB  por tempo indeterminado enquanto durar a prisão preventiva. Em carta, o dirigente disse que não pode assinar documentos e faz ataques a parlamentares do partido que pediram seu afastamento.

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